5.16.2009

Genealogia. Familia Campos

Violante Peça de Campos nasceu, aproximadamente, no ano de 1776, no lugar do Avenal, freguesia de Sebal, município de Condeixa-a-Nova, distrito de Coimbra, país Portugal. Era casada com João Gomes Tenente e viveram no lugar citado.
Pelo que sabemos, Violante Peça de Campos e João Gomes Tenente, tiveram 05 (cinco) filhos: Miguel Gomes Tenente nasceu, aproximadamente, no ano de 1798, Manoel Gomes Tenente nasceu, aproximadamente, no ano de 1805, João Gomes Tenente, aproximadamente, no ano de 1810, Maria de Jesus Tenente, aproximadamente, no ano de 1817 e Maria Joanna de Jesus Tenente, aproximadamente, no ano de 1819, todos nascidos no lugar do Avenal, freguesia de Sebal, município de Condeixa-a-Nova, distrito de Coimbra, país Portugal.

Avenal: o nome do lugar e as suas (remotas) origens

MIGUEL PESSOA, Contributo para o estudo dos mosaicos romanos no território das civitates de Aeminium e de Conimbriga, Portugal. Referência ao Olival dito da Miquinhas, Avenal: http://www.ipa.min-cultura.pt/pubs/RPA/v8n2/folder/363-401.pdf


"Ora sucede que dois topónimos postos recentemente em foco por um estudo sobre o acampamento romano de Antanhol, publicado pela Faculdade de Letras de Coimbra (7), vêm permitir fazer avançar decididamente mais para o Norte o limite geográfico da conservação moçárabe de n e l intervocálicos. Os nomes tópicos em questão são Avenal e Malga. O primeiro, Avenal, é hoje o nome de uma povoação da freguesia de Sèbal Grande no concelho de Condeixa e os documentos mostram-nos, sem sombra de dúvida, que topónimo e povoação coincidem com um pequeno território junto do rio de Cernache, conhecido no século XII como Avellanale (sítio das avelãs ou aveleiras) (8). À primeira vista a forma moderna, em comparação com aquela mais antiga, parece apresentar um exemplo de uma evolução perfeitamente insólita: a supressão da geminada -ll- ao lado da conservação de -n- simples intervocálico. As restantes formas que os documentos nos transmitem provam todavia que não se trata bem disso.
Vejamos quais são essas formas documentalmente transmitidas:
1. Avellanale e Avelanal ― sécs. XII e XIII (9);
2. Avelaal ― sécs. XII e XIII (10) (deve ler-se certamente Avelãal);
3. Avenanali, Averanal, Avenelar ― uma vez cada uma no séc. XIII (ou começos do XIV quanto à última) (11);
4. Avenal ― séc. XIII e depois séc. XVII (12) ― trata-se, como sabemos, da forma que finalmente prevaleceu.
A primeira forma pode corresponder, e em parte corresponde (como nos documentos de 1159 e 1182 citados na nota 9), a um ‘latinismo’, forma tradicional conservada na linguagem tabeliónica, mas nada impede que possa representar ― e as formas seguintes fazem-no supor ― uma variante ainda viva daquele nome de lugar.
A segunda corresponde à forma setentrional, com tratamento ‘português’ da nasal medial, acaso usada pelos portugueses ao Norte do Mondego, que conheciam a correspondência Avelãal/Avelanal, Avenal ou similar, estas como variantes usadas ‘in loco’, e escolhiam a primeira. As terceiras, finalmente, devem, segundo creio, interpretar-se como formas intermediárias, certamente de uso popular (13), que nos podem mostrar como o nome Avelanal, com o n intervocálico conservado, através de várias oscilações, chegou até à forma Avenal, que, documentada como vimos já desde o séc. XIII, acabou por se fixar no uso geral, prevalecendo sobre todas as outras.
A sequência de sonantes alveolares l-n-l, que, pela vizinhança articulatória e acústica dos três fonemas nas duas sílabas seguidas, oferecia dificuldades de realização [ou de identificação], sobretudo desde que se completara a simplificação das geminadas, levando ao enfraquecimento da articulação da primeira líquida, provocou, como se vê, uma série de fenómenos de dissimilação e de metátese, que aquelas formas precisamente documentam: a assimilação l-n-l > r-n-l em Averanal; a dissimilação l-n-l > n-n-l em Avenanal; finalmente a dissimilação com metátese l-n-l > n-l-r em Avenelar (14).
É possível que Avenanal esteja directamente na base da forma actual, através de uma pronúncia obscurecida da vogal pretónica a > e, semelhante à documentada em Avenelar. É possível também que Avenal resulte mais rapidamente de uma variante (contemporânea de Avenanal, etc.) *Avelenal ou *Avenelal, em que a síncope da vogal em posição fraca apressasse a assimilação da líquida à nasal vizinha (seguinte ou precedente), facilitada pelo processo dissimilatório que a opunha à outra líquida, final. Aliás, partindo-se de uma foram *Avenelal, não documentada mas de cuja existência no uso local dá claro indício a outra variante Avenelar (15), o fenómeno assimilatório que suporia a sua transformação em Avenal (*Avenlal > *Avennal ― tendo inicialmente a consoante assimilada função silábica) teria perfeito paralelo no topónimo vizinho Anobra, que nos documentos mais antigos oferece a forma Anlubria (16). Em todo o caso, deve admitir-se que, por um período indeterminado de tempo, mais ou menos prolongado, o nome de lugar em apreço se apresentava na norma linguística local em forma oscilante, que admitia mais de uma realização, até ao momento em que uma das variantes acabou por se generalizar e se impor como forma única. Essa variante foi Avenal, em que já se não observava a incómoda sucessão consonântica l- n -l (17)."
Fonte:
http://cvc.instituto-camoes.pt/hlp/biblioteca/mocarabismo.pdf

(17) Não me parece, pelo contrário, que se possa considerar uma outra hipótese: a de que Avenal resultasse de Avelal (do Avelaal, isto é, Avelãal antigamente atestado) por dissimilação l-l > n-l. Em primeiro lugar porque não parece haver outro exemplo em português de tal processo dissimilatório (nível entrou do castelhano, provindo aí do catalão ou de um dos idiomas galo-românicos; em todo o caso a dissimilação livél > nivél, que também naqueles idiomas aparece isolada, não apresenta as mesmas circunstâncias que se encontrariam na suposta evolução Avelal > Avenal), sendo resultado normal, na dissimilação de duas laterais, a substituição de uma delas por uma vibrante (l-l > l-r ou l-l > r-l conforme os casos); em segundo lugar, porque, encontrando-se as duas líquidos na sílaba tónica, uma antes outra depois do centro silábico (-lál), seria a primeira e não a segunda que teria condições para prevalecer, sendo, como é, sempre em posição final de sílaba que a articulação de qualquer consoante é mais fraca e sujeita a todos os acidentes. Em suma, o único resultado a esperar de uma dissimilação em Avelal seria Avelar, idêntico aos vários Avelares que se encontram no Norte e Centro de Portugal, da mesma forma aliás por que de *Avenelal resultou o Avenelar atrás registado. Aliás a permanência documentada no séc. XIII de formas não sincopadas do topónimo, prova que o actual Avenal deve tomar-se como continuação destas é não do Avelãal desaparecido.